Governo dos EUA transfere assistência internacional ao Departamento de Estado e encerra operações da agência fundada por John F. Kennedy
Washington, EUA — O Governo norte-americano, liderado por Donald Trump, anunciou na noite de ontem o encerramento oficial da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID), pondo fim a mais de seis décadas de atuação em projetos humanitários e de desenvolvimento global.
A medida, que já vinha sendo preparada desde fevereiro com os cortes orçamentais promovidos pelo magnata e atual conselheiro econômico da Casa Branca, Elon Musk, culmina com a total transferência da gestão da assistência internacional para o Departamento de Estado.
Em comunicado divulgado à imprensa, o secretário de Estado, Marco Rubio, foi categórico: “A USAID não cumpriu os seus objetivos desde o fim da Guerra Fria. Criou uma rede de ONGs que viveram à custa dos contribuintes americanos. Esta era de ineficiência chegou oficialmente ao fim”. Segundo Rubio, a nova política de ajuda externa será “direcionada, limitada no tempo e alinhada com os interesses nacionais”.
A transição
Durante o processo de encerramento, ficou definido que dos cerca de 10 mil funcionários e contratados da USAID ao redor do mundo, apenas 294 continuarão em funções para manter operações mínimas. A mudança já vinha sendo discutida internamente desde o início de 2025, quando Musk defendeu uma ampla reforma no financiamento público.
Criada em 1961 pelo então presidente John F. Kennedy, a USAID foi, durante décadas, o maior canal de ajuda humanitária dos Estados Unidos. Seu fim marca um ponto de viragem na política externa norte-americana, com foco na redução de gastos e na contenção de apoios considerados “ineficientes” ou “politicamente desnecessários”.
Reações e críticas
A decisão foi amplamente criticada por especialistas em ajuda humanitária, ex-líderes e organizações internacionais. Um estudo do Instituto de Saúde Global de Barcelona (ISGlobal), publicado na revista The Lancet, alertou que os cortes na assistência americana podem resultar em mais de 14 milhões de mortes evitáveis até 2030, especialmente em regiões afetadas por HIV/SIDA, malária e doenças tropicais negligenciadas.
O encerramento também mobilizou figuras de peso. Em um raro alinhamento, os ex-presidentes Barack Obama e George W. Bush criticaram publicamente a medida. Já o cantor e ativista Bono participou emocionado de um evento de despedida, onde recitou um poema em homenagem ao legado da agência.
Legado da USAID
Ao longo de sua existência, a USAID teve um papel vital em programas de saúde pública, educação, igualdade de gênero, desenvolvimento rural e resposta a desastres. Em muitos países africanos, asiáticos e da América Latina, a agência foi sinônimo de apoio direto em crises humanitárias e reconstrução pós-conflito.
Apesar disso, Trump e seus aliados sustentam que os objetivos da USAID tornaram-se desatualizados e incompatíveis com a nova visão geopolítica dos EUA. “Os norte-americanos não devem pagar impostos para financiar governos falidos em países distantes”, reforçou Marco Rubio.
Com a extinção da USAID, abre-se um novo capítulo na atuação internacional dos Estados Unidos — mais restrita, mais política e menos voltada à cooperação multilateral.
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