O político moçambicano Venâncio Mondlane manifestou abertura para integrar o Governo de Daniel Chapo, mas estabeleceu uma condição clara e inegociável: liberdade total para combater a corrupção, inclusive no mais alto nível do Estado.
Em entrevista à Integrity News Magazine, Mondlane afirmou que só aceitaria o cargo de Inspector-Geral do Estado se tivesse autonomia plena para responsabilizar qualquer figura pública, incluindo o Presidente da República.
“Aceito sim, mas apenas se o Inspector-Geral do Estado puder processar até o Presidente da República. Não estou disponível para ser um fantoche político”, declarou Mondlane.
Críticas à corrupção e à justiça
Conhecido por seu discurso firme contra a corrupção, Mondlane voltou a denunciar a impunidade em torno dos escândalos das dívidas ocultas. Segundo ele, os principais responsáveis continuam fora do alcance da justiça.
Ele também defendeu a urgente despartidarização das instituições estatais, destacando que o sistema judicial em Moçambique sofre com interferências políticas e dependência financeira.
“O sistema de justiça em Moçambique está fragilizado pela dependência financeira. Só haverá justiça verdadeira quando os tribunais forem completamente autônomos”, alertou o político.
Vida após o Parlamento e novos rumos
Fora da Assembleia da República e da RENAMO, Mondlane revelou enfrentar dificuldades financeiras, mas disse viver com base na fé.
“A minha vida é sustentada pela graça de Deus. É Ele quem tem protegido minha família e minha segurança”, afirmou, citando Romanos 8:18 como inspiração.
O político também confirmou que já submeteu documentos para a criação de um novo movimento político, prometendo novidades em breve.
“Assim que os documentos forem aprovados, vamos anunciar publicamente. Até lá, seguimos com prudência.”
A declaração de Mondlane reacende o debate sobre a independência das instituições e a necessidade de reformas profundas no combate à corrupção em Moçambique.