O Governo moçambicano vai passar a registar oficialmente os fazedores de artes e cultura e atribuir carteiras profissionais à classe artística. A medida consta da proposta do Estatuto do Artista, apresentada nesta quarta-feira (10), em Maputo, num encontro que juntou representantes do sector.
Depois de vários anos de reivindicações, a classe artística começa a ver avanços no reconhecimento formal da sua actividade, com a criação de um instrumento que visa regular e valorizar a profissão.
Segundo o Director Nacional de Artes e Culturas, Ivan Bonde, o estatuto surge para dar resposta a um dos maiores desafios da classe: a falta de reconhecimento. Bonde apelou à participação activa de todos os intervenientes culturais durante o processo de auscultação, de forma a construir um documento inclusivo e representativo.
Apesar de saudarem a iniciativa, alguns artistas expressaram receios quanto à forma como o registo será implementado. O roteirista e actor Alvim Cossa levantou preocupações sobre a possibilidade de o instrumento elitizar a classe, ao atribuir ao Governo o poder exclusivo de registar e reconhecer os artistas.
“É preciso garantir que todas as opiniões sinceras de quem faz o dia a dia das artes e cultura sejam consideradas. O estatuto não deve ser um mecanismo de exclusão, mas sim de inclusão”, afirmou Cossa.
O processo de auscultação da proposta do Estatuto do Artista vai decorrer em todas as províncias do país, permitindo que diferentes vozes da classe cultural contribuam para o seu aprimoramento.
Com a criação do estatuto e a emissão de carteiras profissionais, o Governo pretende não só regulamentar, mas também valorizar a dignidade do artista moçambicano, garantindo maior reconhecimento da sua contribuição para a identidade nacional.
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