Breaking News

Uso de tratores com atrelado para transporte de pessoas é “desumano e indigno”, diz CDD

 

O Centro para Democracia e Direitos Humanos (CDD) classificou como “desumana e indigna” a mais recente iniciativa do Governo moçambicano que prevê o uso de tratores com atrelado, normalmente destinados ao transporte de animais e carga, para transportar pessoas em zonas de difícil acesso.

Na semana passada, o Governo lançou oficialmente o projecto piloto em Cabo Delgado, com a entrega de tratores ao governador provincial, numa cerimónia organizada pelo Fundo de Desenvolvimento dos Transportes e Comunicações (FTC). A iniciativa prevê a aquisição de 100 tratores com atrelado, cujo custo total, embora não revelado no evento, está a ser estimado em mais de 650 milhões de meticais, segundo fontes não oficiais.

Apesar das críticas, o Presidente do Conselho de Administração do FTC, Paulo Ricardo, defendeu a medida. Segundo ele, “não podemos dizer que isto é um trator, isto é um veículo misto. É um transporte com conforto, com assentos, cintos de segurança e ar condicionado”, afirmou, tentando sublinhar que os veículos foram adaptados para garantir alguma comodidade.

Contudo, o CDD refutou esse argumento no seu boletim sobre a política moçambicana, onde critica a iniciativa e questiona o real comprometimento do Estado com a dignidade dos cidadãos. A organização defende que, ao invés de soluções improvisadas, o Executivo deveria priorizar investimentos em infraestruturas básicas, como estradas mesmo de terra batida, que permitam o uso de meios de transporte apropriados.

A ONG também criticou a repetição de soluções anteriormente implementadas nas cidades de Maputo e Matola, como a adaptação de carroçarias a chassis, uma prática que o CDD considera “indigna” e que “junta pessoas e mercadorias, sem oferecer o mínimo de conforto e comodidade”.

No entender da organização, essas medidas refletem não apenas uma falta de visão estratégica, mas também a captura do Estado por elites que se beneficiam da precariedade em que vive grande parte da população moçambicana.

Para o CDD, o uso de tratores com atrelado para transportar pessoas representa mais um episódio de improvisação e negligência do Estado em relação ao bem-estar das populações mais isoladas. A organização exige que o Governo reveja urgentemente suas prioridades, canalizando recursos para soluções duradouras e verdadeiramente humanas.

> Siga-nos nas redes sociais para mais análises e reportagens sobre os direitos humanos e governação em Moçambique.

0 Comentários

WhatsApp

Type and hit Enter to search

Close