Um agente da Unidade de Intervenção Rápida (UIR) está a ser acusado de balear um cidadão desarmado no distrito de Memba, província de Nampula, no último sábado (26), durante um momento de lazer. O caso está a gerar forte comoção pública e já levou à detenção do agente envolvido.
Segundo informações avançadas pelo Jornal Rigor, o incidente teve lugar numa confraternização em que participavam o técnico de saúde — posteriormente baleado —, o seu irmão, a esposa, dois agentes da Polícia da República de Moçambique (PRM), incluindo o comandante da UIR, e um motorista da mesma unidade.
O ambiente festivo foi interrompido por um desentendimento entre o técnico de saúde e um dos agentes da UIR, que escalou para agressões físicas. O agente teria atingido o técnico com uma garrafa, causando-lhe ferimentos. A vítima dirigiu-se então a uma unidade sanitária local para tratamento. Ao regressar, acompanhado do irmão e da esposa, com intenção de esclarecer a agressão, foi surpreendido por três disparos do mesmo agente — dois para o ar e um que o atingiu na zona abdominal.
A vítima foi socorrida e transferida, em estado grave, para o Hospital Geral de Nacala, onde continua internada sob cuidados intensivos.
Na segunda-feira (28), a PRM confirmou oficialmente a detenção do agente acusado. “Estamos a confirmar que o colega foi detido, para que responda criminal e disciplinarmente. Já foi destacado um instrutor para dar seguimento ao processo”, declarou Décio Samuel, chefe do Departamento de Relações Públicas do Comando Provincial da PRM em Nampula.
O porta-voz sublinhou que os factos ocorreram num ambiente informal, e que o agente aparentava estar em estado alterado no momento em que disparou. Ainda de acordo com a PRM, uma comissão provincial foi destacada para Memba com o objectivo de apurar todos os detalhes do caso.
> “Não compactuamos com comportamentos deste tipo. Distanciamo-nos de qualquer conduta violenta protagonizada por membros da corporação”, enfatizou Décio Samuel.
Este caso reacende o debate sobre o comportamento de alguns agentes em contextos fora do serviço, e levanta preocupações sobre a conduta disciplinar e o uso indevido de armas de fogo por parte de membros das forças policiais em Moçambique.