UniRovuma age com firmeza contra assédio e corrupção académica em Montepuez: “Este caso deve servir de exemplo nacional”

 

A Universidade Rovuma (UniRovuma) está a lidar com um dos maiores escândalos académicos da sua história. O reitor da instituição, Professor Doutor Mário Jorge Caetano Brito dos Santos, assegurou, de forma firme, que os docentes do Instituto Superior de Recursos Naturais e Ambiente (ISRNA), em Montepuez — acusados de assédio sexual e corrupção académica — estão a ser responsabilizados com todo o rigor, num processo que promete marcar uma viragem institucional e servir de exemplo para todo o país.

Esperamos que este seja um bom exemplo, não só para a Universidade Rovuma, mas para outras instituições onde situações similares acontecem”, declarou o reitor, sublinhando que os envolvidos continuam suspensos enquanto respondem pelos respetivos processos disciplinares.

Segundo o jornal Rigor, dez docentes estão implicados no escândalo — sete dos quais ocupavam cargos de chefia, como diretores de curso ou chefes de repartição. O reitor confirmou que todos os acusados já foram ouvidos e que o processo poderá resultar em sanções disciplinares e criminais. “Queremos chamá-los à responsabilidade tanto disciplinar quanto criminal, se for o caso”, afirmou.

Exames anulados e reavaliação completa

Um dos impactos imediatos da investigação foi a anulação de todas as avaliações assinadas pelos docentes implicados. Como medida de correção, a UniRovuma submeteu os estudantes a novos exames — um total de 44 — elaborados por docentes de Nampula, com base no mesmo currículo e bibliografia. Os exames foram aplicados presencialmente em Montepuez.

O conteúdo foi mantido. As condições técnicas estavam asseguradas. Tivemos o cuidado de garantir total lisura no processo”, explicou Brito dos Santos.

Apoio psicológico e combate ao trauma estudantil

Reconhecendo o impacto emocional da situação, a universidade criou uma comissão de apoio psicológico, psicodinâmico e traumatológico. “Sabemos que este tipo de perturbações cria depressão, ansiedade e outras dificuldades que prejudicam a aprendizagem. Por isso, estamos a acompanhar os estudantes de perto”, garantiu o reitor.

Reforma ética e institucional

Como forma de prevenir situações semelhantes no futuro, a UniRovuma criou uma comissão de ética dedicada à análise profunda de práticas institucionais e à promoção de boas práticas académicas. Uma das novidades será a criação de um provedor do estudante — uma figura independente que responde directamente ao reitor, com a missão de defender os direitos da comunidade estudantil.

Além disso, Brito dos Santos apelou à colaboração da sociedade. “Precisamos de denúncias documentadas. Se puderem gravar, filmar de forma discreta, apresentar provas, tudo isso é essencial. Não nos basta ouvir dizer que ‘também aconteceu com a minha sobrinha’. Precisamos de elementos concretos”, reforçou.

Um escândalo que expõe falhas — e abre portas para mudança

O reitor vê o escândalo como um catalisador para mudanças estruturais na cultura académica do país. “Achamos necessário continuar a falar destes assuntos abertamente, sem receio, para que não sejam tabu. A ética e a transparência são pilares do ensino superior que defendemos.”

A Universidade Rovuma compromete-se a concluir os processos disciplinares em breve e a publicar novas pautas baseadas em avaliações legítimas. Enquanto isso, mantém-se firme na missão de restaurar a confiança, proteger a dignidade dos estudantes e construir uma cultura académica assente na integridade.

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