A cidade de Chimoio, capital da província de Manica, foi recentemente abalada pela descoberta de um esquema criminoso envolvendo membros da própria força policial. Dois agentes da Polícia da República de Moçambique (PRM), juntamente com outros 10 cidadãos, foram detidos por envolvimento em assaltos violentos e roubo de motorizadas, utilizando catanas para ameaçar e agredir vítimas, tanto em vias públicas quanto em residências.
Segundo o chefe do departamento das Relações Públicas no comando provincial da PRM em Manica, Mouzinho Manasse, a detenção dos 12 suspeitos só foi possível graças às denúncias feitas pela população, que vinha sendo constantemente aterrorizada por ataques brutais em diversas zonas da cidade. "Os assaltantes com recurso a catanas e motorizadas aterrorizavam indivíduos na via pública e em residências", declarou Manasse em entrevista à imprensa local.
A estrutura do grupo criminoso
As investigações revelaram uma organização com funções bem definidas. Os dois agentes da PRM são apontados como os mandantes principais do esquema. De acordo com fontes da polícia, eles eram responsáveis por coordenar as ações criminosas, garantindo proteção e informação estratégica aos comparsas. Outros cinco indivíduos atuavam como executores diretos das ordens dadas, sendo responsáveis pelos roubos e assaltos. O grupo incluía ainda cinco "homens-catana", assim denominados por utilizarem armas brancas para amedrontar e dominar as vítimas durante os ataques.
Aceitação de culpa e possível processo criminal
De forma surpreendente, os dois agentes detidos confirmaram seu envolvimento nas ações criminosas, o que torna o caso ainda mais grave. A PRM já iniciou os trâmites para que os envolvidos sejam formalmente processados criminalmente. "Não podemos tolerar que elementos da corporação, que juraram proteger a população, estejam ao serviço do crime. Esses indivíduos devem responder pelos seus atos", afirmou Manasse.
A prisão dos suspeitos representa um passo significativo no combate à criminalidade urbana em Chimoio, mas também expõe um problema estrutural mais profundo: a infiltração do crime dentro das forças de segurança. Este episódio reacende o debate sobre a necessidade urgente de mecanismos mais rigorosos de controlo interno, avaliação de integridade e formação contínua dos membros da PRM.
Casos anteriores preocupam a população
Não é a primeira vez que membros da PRM se veem envolvidos em atos criminosos na província de Manica. Recentemente, cinco outros polícias foram expulsos da corporação por envolvimento em diferentes tipos de crimes, o que levanta sérias questões sobre a seleção, supervisão e disciplina interna dentro da polícia moçambicana.
A população, por sua vez, mostra-se cada vez mais desconfiada das autoridades, temendo que casos semelhantes continuem a ocorrer se não forem tomadas medidas firmes e transparentes. Muitos cidadãos de Chimoio pedem não só a punição exemplar dos envolvidos, mas também uma profunda reestruturação da corporação policial.
O caso dos "homens-catana" e dos polícias envolvidos em roubos de motorizadas serve como um alerta urgente para a necessidade de reformas estruturais nas forças de segurança de Moçambique. Enquanto as investigações continuam, a população de Chimoio espera justiça e medidas concretas para restaurar a confiança na instituição que deveria garantir a sua proteção.