A Ministra da Economia e Finanças de Moçambique, Carla Louveira, afirmou esta segunda-feira (16) que o país deve avançar com cautela e de forma gradual na liberalização da conta de capital, sublinhando que esse processo deve respeitar as particularidades da economia nacional. A declaração foi feita durante a abertura da XVI edição das Jornadas Científicas do Banco de Moçambique, que decorrem sob o lema “Liberalização da Conta Capital em Moçambique e os Desafios da Gestão Macroeconómica”.
Durante o seu discurso, Carla Louveira destacou que, num contexto global cada vez mais interligado, a abertura da conta capital é essencial para atrair investimentos estrangeiros, fomentar o crescimento económico e impulsionar a criação de emprego. No entanto, a ministra advertiu que este processo não pode ser feito de forma precipitada, uma vez que envolve riscos significativos.
“Num mundo, cada vez mais globalizado, onde os fluxos financeiros cruzam fronteiras com velocidade e volume sem precedentes, a liberalização da Conta Capital reveste-se de capital importância para atrair recursos que fomentem o crescimento económico, aumentem a eficiência do mercado e promovam o emprego e a geração de rendimento, sem, contudo, comprometer a estabilidade económica interna”, afirmou.
A ministra defende que a liberalização deve ser cuidadosamente calibrada, com atenção especial à solidez do sistema financeiro moçambicano e aos riscos associados à volatilidade dos fluxos de capital. Louveira sublinhou que é necessário garantir que o processo de abertura não comprometa os equilíbrios macroeconómicos já alcançados.
Ainda durante a sua intervenção, Carla Louveira revelou que Moçambique poderá beneficiar, ainda este ano, de cerca de 88 mil milhões de meticais em créditos e donativos externos. Estes recursos contribuirão significativamente para reforçar a disponibilidade de moeda estrangeira no país, ajudando a estabilizar a balança de pagamentos e a impulsionar sectores estratégicos da economia.
As Jornadas Científicas do Banco de Moçambique são uma plataforma de reflexão e debate sobre os principais desafios macroeconómicos do país, envolvendo especialistas nacionais e internacionais. A edição deste ano coloca em foco a complexidade da liberalização da conta capital, uma medida estratégica que, segundo vários analistas, pode abrir novas janelas de oportunidade para a inserção de Moçambique nos mercados financeiros globais — desde que implementada com prudência.
A liberalização da conta de capital é um passo relevante no processo de integração económica internacional, mas exige instituições financeiras robustas, mecanismos de controlo eficazes e políticas macroeconómicas sólidas para evitar crises financeiras, fuga de capitais e instabilidade cambial. Por isso, o governo moçambicano reafirma que qualquer decisão será tomada com base em análises técnicas rigorosas e de forma progressiva.