Maputo, Junho de 2025 – A imprensa nacional foi “surpreendida” esta semana com informações segundo as quais o Ministério da Justiça, Assuntos Constitucionais e Religiosos teria recusado o nome ANAMALALA como denominação oficial do partido político proposto por Venâncio Mondlane. A palavra, oriunda da língua Emákhuwa – predominante na província de Nampula, o maior círculo eleitoral do país – significa "encerrar" ou "acabar", em português.
Segundo as alegações iniciais, a recusa estaria fundamentada na possibilidade de o termo gerar interpretações ambíguas em outras línguas nacionais e, potencialmente, promover divisões sociolinguísticas e culturais entre os moçambicanos. Críticos da proposta alegam que o nome ANAMALALA pode carregar conotações simbólicas fortes, especialmente num país com marcada diversidade etnolinguística, podendo até ser visto como um apelo ao fim de certas estruturas políticas.
No entanto, confrontado com estas informações por jornalistas, o Ministro da Justiça, Mateus Saize, rejeitou qualquer decisão oficial a respeito do nome ou do partido.
“É verdade que o processo está em curso no nosso ministério. Ainda segue os seus trâmites processuais, e não tenho informação de ter havido reprovação deste partido. É um pedido que foi formulado e ainda está na tramitação”, declarou Saize, na quarta-feira, em Maputo, à margem do Encontro Nacional dos Defensores dos Direitos Humanos.
O Ministro sublinhou que não há nenhuma decisão tomada até o momento, e que qualquer eventual comunicação será feita de forma oficial e nos canais devidos. “O momento não é oportuno para tecer comentário de processos ainda em curso”, afirmou.
A declaração de Saize surge num momento delicado para a política nacional, com novos movimentos políticos a tentarem legitimar-se junto às autoridades competentes antes das próximas eleições. O partido proposto por Venâncio Mondlane, conhecido crítico do atual status quo, tem atraído atenção significativa tanto por sua liderança quanto pela sua simbologia e linguagem.
A controvérsia em torno do nome ANAMALALA levanta questões importantes sobre o equilíbrio entre identidade cultural, unidade nacional e liberdade de expressão política. O episódio evidencia também os desafios enfrentados pelas instituições do Estado ao lidarem com a pluralidade linguística do país, onde o sentido de uma palavra pode variar drasticamente de região para região.
Enquanto o dossiê continua em tramitação, resta aguardar a posição final do Ministério da Justiça, que poderá determinar não apenas a viabilidade formal do partido, mas também lançar luz sobre os limites da expressão cultural no espaço político moçambicano.