Médicos do Hospital Central de Nampula anunciam suspensão de trabalho extraordinário a partir de 1 de Julho

 

Profissionais alegam mais de um ano e meio sem remuneração por turnos, feriados e fins de semana

Os médicos do Hospital Central de Nampula (HCN) anunciaram que, a partir do dia 1 de Julho de 2025, vão deixar de realizar qualquer trabalho fora do horário normal, das 07h30 às 15h30. A decisão surge após mais de 18 meses sem pagamento pelos serviços extraordinários prestados — que incluem turnos, feriados e fins-de-semana.

De acordo com os profissionais, a situação arrasta-se desde 2023 e continua sem solução, apesar das inúmeras promessas e do conhecimento do caso pelas autoridades hospitalares e governamentais. Os médicos exigem o pagamento do trabalho extraordinário referente ao exercício de 2024 e dos primeiros meses de 2025.

Nós nunca enfrentamos esses problemas antes. Mas de 2023 para cá estamos com esse problema. O que está por trás, não sabemos”, lamentou Pascoal Víctor, médico do HCN, citado pelo jornal O País.

Os médicos afirmam que a realização de serviços fora do expediente normal depende de uma autorização formal da direcção do hospital. Logo, segundo eles, essa autorização representa um compromisso contratual que deveria ser acompanhado pela devida compensação financeira.

Se carece de alguma autorização, significa que existe um compromisso de também este ser remunerado”, esclareceu Pascoal Víctor.

Diante da falta de resposta e de acções concretas, os médicos decidiram deixar de prestar trabalho extraordinário. A medida, entretanto, não está a ser tratada como uma greve. Os profissionais continuarão a exercer normalmente dentro do horário estipulado por contrato.

Não se trata de uma greve. O que não vamos fazer é um trabalho que não nos é pago. Agora, pelo trabalho que nos é pago, no horário normal das 07:30 às 15:30, todos os departamentos terão médicos e profissionais a trabalhar. O que não será realizado é o trabalho extraordinário”, afirmou Vanilton Acuna, médico-residente em cirurgia.

A medida inclui médicos de clínica geral e médicos em processo de especialização. Embora reconheçam a gravidade do impacto que a decisão poderá ter nos cuidados prestados à população, os profissionais afirmam que não há outra alternativa diante da falta de respostas e do desgaste acumulado.

Sabemos que a nossa função é salvar vidas, e foi uma decisão difícil. Mas agora a responsabilidade é da direcção do hospital. Esperamos que a direção tenha uma resposta para isto”, concluiu Acuna.

Até ao momento, a Direcção do Hospital Central de Nampula ainda não se pronunciou publicamente sobre o assunto, apesar de já estar ciente da decisão dos médicos.

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