O artista moçambicano Elgar Miles, conhecido no cenário musical como Dehermes, regressou na tarde deste sábado a Moçambique, carregando consigo uma dor imensurável: a perda da esposa, a cantora Ana Bárbara Buhr Buldrini. A artista faleceu no dia 15 de junho, em Istambul, Turquia, após complicações decorrentes de uma cirurgia estética.
Segundo declarações prestadas por Dehermes, a esposa morreu em consequência de negligência médica por parte da equipe da clínica turca onde o procedimento foi realizado. Ana Bárbara foi submetida a múltiplas intervenções cirúrgicas — lipoaspiração, mamoplastia e rinoplastia — e sofreu uma paragem cardiorrespiratória logo após a cirurgia, vindo a falecer pouco tempo depois.
O cantor revela que a cirurgia estava inicialmente agendada para o dia 18 de junho, mas foi subitamente antecipada para o dia 15, sem qualquer aviso prévio. Dehermes denuncia ainda que Ana não realizou os exames pré-operatórios exigidos por lei, e que o procedimento ocorreu mesmo depois de ela ter consumido alimentos e bebidas alcoólicas — o que contraria diretamente as exigências médicas de jejum absoluto por pelo menos 24 horas antes de uma cirurgia invasiva.
O caso está a ser investigado pelas autoridades turcas, que detiveram alguns envolvidos na clínica, embora todos tenham sido posteriormente libertados. O viúvo afirma estar em contacto com diversas organizações governamentais e não governamentais para que o caso ganhe atenção internacional e justiça seja feita. Ele garante que vai mover um processo judicial contra a clínica responsável e lutar até que haja responsabilização formal dos envolvidos.
"A Ana não foi a primeira a perder a vida naquela clínica, e infelizmente não será a última se não houver responsabilização", disse Dehermes, emocionado, à imprensa no Aeroporto Internacional de Maputo. O artista pede também apoio institucional para proteger outros cidadãos moçambicanos que, motivados por preços mais baixos, buscam clínicas fora do país sem garantias de segurança.
O corpo da cantora foi transladado para Moçambique e será cremado, conforme o seu último desejo de descansar perto do marido. A morte de Ana Bárbara deixa um vazio no mundo artístico e levanta questionamentos sérios sobre a segurança de procedimentos estéticos no exterior.
A comunidade artística moçambicana já manifestou solidariedade e exige uma investigação transparente e célere sobre o trágico caso, que pode marcar um precedente legal importante na relação entre pacientes e clínicas internacionais.