Chimoio — O clima é de tensão no seio do Textáfrica do Chimoio. Nesta quinta-feira (12), os jogadores do histórico clube moçambicano recusaram-se a treinar, alegando não estarem em condições físicas e emocionais para suportar as exigências do trabalho. A decisão vem à tona após meses de silêncio e sacrifício, e revela uma crise financeira profunda que ameaça a estabilidade do clube.
De acordo com informações divulgadas pelo jornal Desafio, os atletas estão há quatro meses sem receber os seus salários. Em todo o ano corrente, a direcção do clube “fabril” apenas conseguiu pagar um mês completo e uma pequena percentagem referente a um segundo mês. A situação é ainda mais crítica no que diz respeito à equipa técnica, cujos treinadores não viram um único metical desde o início da temporada.
A falta de salários é apenas parte de um problema maior. O clube enfrenta sérias dificuldades até mesmo para garantir a alimentação básica dos seus profissionais, uma condição alarmante para qualquer estrutura que visa competir ao mais alto nível do futebol moçambicano.
Fundado em 1928 e detentor do primeiro título nacional após a independência, conquistado em 1976, o Textáfrica carrega um legado histórico no desporto moçambicano. Contudo, os atuais desafios administrativos e financeiros estão a colocar em risco não apenas o desempenho da equipa, mas também a permanência de jogadores importantes no plantel. A iminente janela de transferências poderá agravar ainda mais a situação, caso não haja uma intervenção urgente por parte da direcção ou de possíveis patrocinadores.
O caso levanta novamente o debate sobre a sustentabilidade dos clubes nacionais e a necessidade de políticas mais eficazes para garantir o bem-estar dos atletas e técnicos. Enquanto isso, o Textáfrica luta para não ver a sua história manchada por uma crise que parece longe de ter fim.