GUINÉ-BISSAU AMEAÇA "TOMAR MEDIDAS" PARA ACABAR COM GUERRA ENTRE IRÃO E ISRAEL

 

Presidente Umaro Sissoco Embaló defende paz e critica escalada de violência no Médio Oriente

O Presidente da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló, surpreendeu a comunidade internacional nesta segunda-feira ao declarar que o seu país poderá “tomar medidas” para acabar com a guerra entre Israel e Irão, caso os dois países não cessem imediatamente o conflito em curso. A advertência foi feita durante um discurso na inauguração da primeira autoestrada do país, construída com apoio da China, que liga o aeroporto de Bissau à localidade de Safim.

Embaló, que discursava perante populares e autoridades, destacou que o mundo vive um momento de elevada instabilidade, com conflitos armados a multiplicarem-se em várias regiões. “Vamos dizer aos nossos irmãos de Israel e do Irão para que parem com a guerra imediatamente, porque, caso contrário, a Guiné-Bissau será obrigada a tomar medidas adequadas para que parem com a guerra", declarou o chefe de Estado.

A fala do presidente ocorre num contexto de tensão internacional crescente, em que a guerra entre Israel e Irão ameaça escalar para níveis ainda mais perigosos, com impacto na estabilidade regional e mundial. Embora não tenha especificado quais medidas o país poderá adotar, a declaração ganhou destaque pela ousadia e por posicionar a Guiné-Bissau como uma voz ativa em assuntos de política internacional.

Umaro Sissoco Embaló tem histórico de envolvimento diplomático no Médio Oriente. Em março de 2024, realizou uma visita oficial a Telavive, a convite do presidente israelita Isaac Herzog, onde apelou diretamente para o fim dos ataques contra os palestinianos na Faixa de Gaza. A visita foi simbólica, por ter sido a primeira de um líder africano nesse contexto, em meio a uma nova vaga de ofensivas do exército israelita.

Na mesma viagem, Embaló deslocou-se também à Cisjordânia, onde foi recebido por Mahmoud Abbas, presidente da Autoridade Nacional da Palestina. Em Ramallah, reiterou o seu apelo pela cessação dos confrontos entre o Hamas e o governo de Israel. Em reconhecimento ao seu papel diplomático e apoio à causa palestiniana, o presidente guineense foi agraciado com o “Grande Colar” do Estado Palestiniano, além de ter prestado homenagem a Yasser Arafat.

A intervenção do presidente da Guiné-Bissau é vista por analistas como uma tentativa de reforçar a imagem do país como ator de paz e de influência moral no continente africano. No entanto, especialistas questionam a capacidade real do país de interferir diretamente num conflito tão complexo e geopolíticamente sensível.

Ainda assim, Embaló tem procurado construir um papel relevante no xadrez diplomático internacional, apoiando causas de descolonização, condenando a violência e apostando em alianças estratégicas com potências como Israel, Palestina e China. A nova autoestrada inaugurada no país é um exemplo claro do reforço dessas parcerias.

Enquanto o conflito entre Israel e Irão continua a intensificar-se, a mensagem da Guiné-Bissau surge como um chamado à razão e à diplomacia, ainda que com pouco peso militar ou económico para influenciar diretamente o curso da guerra. Resta saber que tipo de "medidas" o país poderá adotar e como estas serão recebidas pela comunidade internacional.

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