Maputo – A activista social e patrona da Fundação para o Desenvolvimento da Comunidade (FDC), Graça Machel, defendeu na última quinta-feira (12), em Maputo, o papel vital do ensino superior no avanço da transição energética em Moçambique. Durante a sua intervenção na aula aberta da Cimeira da Rede de Mulheres em Energia Limpa e Acção Climática, realizada na Universidade Eduardo Mondlane, Machel sublinhou a urgência de abandonar os combustíveis fósseis em favor de fontes sustentáveis de energia.
Num discurso marcado por firmeza e apelo à responsabilidade ambiental, Graça Machel destacou os impactos devastadores das alterações climáticas no país, agravados pela utilização intensiva de petróleo, gás e carvão. “O mundo é altamente dependente do consumo de combustíveis fósseis, e em Moçambique isso tem consequências diretas, como os ciclones que destroem vidas e infraestruturas todos os anos”, alertou.
A activista criticou ainda o modelo económico atual, que prioriza o lucro em detrimento da sustentabilidade ambiental. “O uso agressivo dos combustíveis fósseis tem sido motivado por interesses económicos, sem consideração pelos efeitos ambientais e pela sobrevivência do planeta”, afirmou, destacando a necessidade de uma mudança urgente de paradigma.
Diante de uma audiência composta maioritariamente por estudantes, Graça Machel lançou um apelo claro à academia: “A universidade deve assumir o seu papel como espaço de pensamento crítico e inovação. Precisamos de soluções energéticas sustentáveis, e cabe a vocês pensar cientificamente em alternativas. Em 2026, voltarei para saber quais são os vossos planos concretos para a transição energética.”
A sessão contou ainda com a intervenção do professor Rogério Uthui, que apresentou uma visão futurista sobre o sector da energia limpa, destacando o papel crescente das energias renováveis, como a eólica. Segundo Uthui, “há zonas que terão superprodução de energia, o que exigirá estratégias de mercado ajustadas às novas dinâmicas tecnológicas.”
O evento reuniu mais de 300 participantes, entre académicos, investigadores e profissionais do sector energético, reforçando a importância de uma abordagem baseada no conhecimento e na inovação para garantir uma transição energética justa e eficaz em Moçambique.
A intervenção de Graça Machel não apenas reforça o papel transformador da educação, como também coloca as instituições de ensino superior no centro do debate sobre o futuro energético do país. O apelo é claro: é preciso agir com urgência, ciência e compromisso.