Um episódio insólito e tenso abalou a pacata localidade de Ndindiza, no distrito de Chigubo, província de Gaza, nesta sexta-feira (6). Um jovem curandeiro, de nacionalidade zimbabueana, tentou invadir instituições públicas acompanhado por dezenas de seguidores, sob a alegação de estar a “expulsar espíritos malignos” das instalações do Estado. A intervenção da Unidade de Intervenção Rápida (UIR) foi imediata, culminando no uso de gás lacrimogéneo e disparos de balas de borracha para conter a multidão e impedir a entrada forçada.
Segundo testemunhas locais, o autoproclamado curandeiro vinha, nos últimos dias, realizando sessões em diversas residências da região. Nessas visitas, afirmava possuir a capacidade de identificar e remover objetos ligados à feitiçaria, o que gerou agitação entre os moradores e atraiu uma quantidade crescente de seguidores curiosos, muitos dos quais acreditavam nas suas supostas habilidades espirituais.
O momento de maior tensão ocorreu quando o curandeiro tentou entrar num hospital local, declarando a necessidade de purificar o espaço. A presença de dezenas de seguidores reforçou a gravidade da situação, levando as autoridades a temerem uma invasão em massa. Diante da crescente aglomeração, a UIR foi mobilizada e, para garantir a ordem pública, recorreu ao uso de força não letal — gás lacrimogéneo e balas de borracha — para dispersar os presentes.
Apesar da intervenção policial, o clima de pânico e confusão dominou a região por várias horas. A multidão dispersou-se em fuga, e, segundo informações recolhidas no local, o curandeiro e alguns dos seus apoiantes conseguiram escapar para parte incerta. Até ao fim da manhã deste sábado (7), a Unidade de Intervenção Rápida permanecia destacada na zona, monitorando eventuais novos focos de distúrbio.
Em contacto com o Jornal Direto, a Polícia da República de Moçambique (PRM), através do seu comando provincial em Gaza, afirmou ainda estar a apurar os contornos do incidente, prometendo um pronunciamento oficial nas próximas horas. Entretanto, uma fonte governamental do distrito de Chigubo revelou que o curandeiro é tido como um indivíduo perigoso, envolvido em diversas polémicas no seu país de origem, o Zimbábue.
De acordo com a mesma fonte, o jovem encontra-se foragido das autoridades zimbabueanas e terá cruzado a fronteira moçambicana de forma ilegal. Há também informações de que ele esteve envolvido num acidente de viação no posto administrativo de Chicualacuala, tendo abandonado a vítima no local, o que agrava ainda mais a sua situação perante a lei.
A população de Ndindiza, ainda em choque, expressa sentimentos mistos entre crença e receio, enquanto as autoridades reforçam a vigilância para garantir a ordem e evitar novas perturbações. O caso reacende o debate sobre o papel dos curandeiros nas comunidades rurais e os limites entre crença espiritual e perturbação da ordem pública.
Fonte: TV Sucesso