Maputo, Junho de 2025 — O Presidente da República, Daniel Chapo, convocou oficialmente o político Venâncio Mondlane para participar na primeira sessão do Conselho de Estado, agendada para a próxima terça-feira, 24 de Junho, nas instalações da Presidência da República. A convocatória chega um dia depois de Mondlane ter revelado publicamente que ainda não tinha sido chamado a integrar o órgão, apesar de ter direito por inerência ao cargo.
Venâncio Mondlane garantiu o segundo lugar nas eleições presidenciais de 9 de Outubro de 2024, o que, nos termos constitucionais, lhe confere o estatuto de membro do Conselho de Estado — órgão de consulta do Chefe de Estado em matérias de particular relevância nacional.
O político partilhou nas suas redes sociais o documento oficial da convocatória, destacando os pontos da agenda da reunião, que incluem a aprovação da própria agenda de trabalhos, apresentação dos membros do Conselho, explicações sobre o funcionamento do órgão, e informações relativas às celebrações do 50.º aniversário da Independência Nacional, a ter lugar nos próximos dias.
Contudo, apesar da formalização da convocação, a participação de Mondlane ainda está em aberto. Numa publicação feita quase simultaneamente à divulgação da carta presidencial, o líder político divulgou um excerto de uma entrevista onde afirma que a sua decisão de integrar efetivamente o Conselho está condicionada à avaliação da resposta do Governo às suas exigências pós-eleitorais.
“Há compromissos que foram assumidos para o bem do povo, que incluíam respeito aos direitos humanos e implementação de acordos fundamentais. Muitos desses acordos não estão a ser cumpridos”, declarou Mondlane, colocando em causa a legitimidade da sua participação sem garantias de mudanças concretas.
Este cenário abre um novo capítulo no ambiente político nacional, que tem sido marcado por tensões entre o Executivo e a oposição desde o anúncio dos resultados eleitorais. Observadores consideram que a eventual recusa de Mondlane em participar no Conselho de Estado pode ser interpretada como uma forma de protesto político e um chamado de atenção para questões estruturais ainda não resolvidas no país.
Resta agora saber se, nos próximos dias, haverá sinais de aproximação entre as partes que possam levar à sua presença efetiva na reunião ou se o gesto de convocatória será visto como meramente formal, sem desdobramentos práticos.