CDM vai aumentar em 150% os dividendos aos accionistas após lucros históricos

 

A Cervejas de Moçambique (CDM) anunciou, durante a sua assembleia geral ordinária realizada recentemente em Maputo, um expressivo aumento de 150% nos dividendos a serem distribuídos aos cerca de 3.000 accionistas da empresa. Esta decisão surge na sequência de resultados financeiros históricos alcançados em 2024, que revelam um crescimento significativo da lucratividade, apesar dos desafios conjunturais enfrentados ao longo do ano.

Dividendos reforçados e calendário de pagamento

Segundo a deliberação aprovada na assembleia, os dividendos por acção serão de 8,15 meticais, divididos em duas tranches iguais: a primeira com pagamento previsto para Junho e a segunda para Novembro de 2025. Esta medida representa um salto expressivo na distribuição de lucros e é um reflexo direto do desempenho financeiro robusto da empresa.

Lucro líquido dispara 196% apesar da queda na receita

Conforme avançado no comunicado da CDM, o lucro líquido subiu de 577 milhões de meticais em 2023 para 1.706 milhões em 2024, o que representa um crescimento de 196%. Este desempenho notável ocorreu mesmo com uma contracção de 2,5% na receita, atribuída à instabilidade pós-eleitoral no quarto trimestre de 2024.

O crescimento foi impulsionado por maior volume de exportações para a África do Sul, optimização das operações e redução de custos financeiros — factores que demonstram a resiliência da CDM perante um ambiente económico adverso.

Compromissos e desafios em destaque

Durante a assembleia, o Presidente do Conselho de Administração, Tomás Salomão, reforçou a importância estratégica da CDM para a indústria moçambicana, destacando os seus compromissos com a inovação, responsabilidade social e o desenvolvimento sustentável.

Já o director-geral da empresa, Galo Riveira, reconheceu os desafios enfrentados, sobretudo devido às manifestações e perturbações sociais em 2024, mas garantiu que os resultados “confirmam a consolidação do nosso posicionamento no mercado e a capacidade de adaptação da nossa equipa”.

Preocupações regulatórias e combate à concorrência desleal

A assembleia também abordou temas regulatórios, com ênfase na necessidade de uma fiscalização mais eficaz sobre bebidas importadas que entram no país sem a devida selagem. A CDM alertou que essa prática causa prejuízos financeiros significativos, tanto para a empresa quanto para o Estado moçambicano, e apelou a uma revisão das políticas de controlo de bebidas estrangeiras.

Mudanças na liderança

No âmbito da governação corporativa, foi anunciada a nomeação de Bruno Tembe como novo Administrador Executivo da CDM, em substituição de Hugo Gomes, que passa agora a liderar a Unidade de Negócios da África Austral e Este da AB InBev, multinacional belgo-brasileira e maior accionista da CDM.

A AB InBev, considerada a maior cervejeira do mundo, nasceu da fusão entre a belga Interbrew e a brasileira Ambev, em 2004, e é actualmente uma das mais poderosas empresas do sector de bebidas a nível global.

O anúncio do aumento dos dividendos pela CDM marca um momento de confiança renovada entre os seus accionistas e o mercado. A empresa, mesmo enfrentando adversidades internas e externas, demonstrou solidez financeira e reforçou o seu papel como líder no sector cervejeiro moçambicano.

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