ONU-Mulheres capacita deputadas moçambicanas para lideranças transformadoras com foco na igualdade de género

 

Num passo significativo rumo à construção de uma sociedade mais equitativa, a ONU-Mulheres realizou no sábado (24), em Maputo, uma formação destinada a 98 deputadas da Assembleia da República de Moçambique. Sob o lema “Liderança Transformacional na Perspectiva de Género para Mulheres Parlamentares”, a capacitação teve como foco principal fortalecer o papel das mulheres na política, dotando-as de ferramentas para uma atuação mais eficaz nos processos de liderança e tomada de decisões.

A iniciativa surge como uma resposta direta aos desafios persistentes no que diz respeito à participação igualitária das mulheres nos espaços de poder, e foi concebida para promover uma mudança estrutural dentro do Parlamento moçambicano. Durante a abertura da formação, o primeiro vice-presidente do Parlamento, Hélder Injojo, destacou a importância do evento, classificando-o como um ponto de partida estratégico para a consolidação de uma Assembleia mais inclusiva e representativa.

Auto-reflexão, alianças e ações concretas

Injojo incentivou as deputadas a aproveitarem o momento como um espaço de auto-reflexão, partilha de experiências e construção de alianças. Segundo ele, a capacitação deve servir como catalisador para que cada parlamentar leve adiante ações concretas dentro dos seus círculos sociais, profissionais, comunitários e eleitorais.

O vice-presidente reforçou ainda a necessidade de que toda iniciativa legislativa, intervenção ou fiscalização promovida pelas deputadas esteja alinhada com a sensibilidade de género e os princípios da liderança transformadora. Para ele, essa abordagem não se limita a um estilo de gestão, mas sim a um compromisso ético e político com a justiça social e o empoderamento das mulheres.

Desconstruindo estruturas patriarcais

A formação trouxe à tona a importância de uma postura crítica frente às estruturas patriarcais ainda enraizadas na sociedade moçambicana. Hélder Injojo foi categórico ao afirmar que a mudança começa com a coragem de desafiar esses padrões e construir um novo modelo de liderança inclusiva e emancipada.

Neste contexto, a liderança transformacional de género é apresentada não apenas como uma ferramenta política, mas como um instrumento de transformação social, capaz de promover políticas públicas mais sensíveis e alinhadas às necessidades de toda a população, especialmente das mulheres e raparigas.

ONU-Mulheres reforça o papel das parlamentares como agentes de mudança

Marie Kayisire, representante da ONU-Mulheres em Moçambique, também marcou presença na capacitação e reforçou o apelo para que cada deputada se veja como uma verdadeira agente de mudança. Segundo Kayisire, a liderança transformadora é aquela que escuta, acolhe e age intencionalmente para desmontar as estruturas de poder que sustentam as desigualdades de género.

“Queremos que cada uma de vós se torne um símbolo vivo de transformação. A igualdade de género que todos almejamos só será possível com a vossa visão, coragem e compromisso. Ao capacitarmo-nos mutuamente, criamos um legado de liderança para o presente e o futuro”, destacou Kayisire.

Representatividade multipartidária: um compromisso nacional

A formação contou com a participação de deputadas de todas as quatro bancadas parlamentares da Assembleia da República, incluindo a Frelimo (partido no poder), PODEMOS (principal partido da oposição), Renamo e Movimento Democrático de Moçambique (MDM). Essa representatividade demonstra um esforço coletivo e apartidário na promoção de uma nova cultura política baseada na igualdade e na justiça social.

Com este tipo de iniciativa, a ONU-Mulheres reafirma o seu compromisso com o fortalecimento institucional e a promoção de uma liderança feminina mais engajada e transformadora, criando as bases para um Parlamento mais sensível às questões de género e alinhado com os desafios contemporâneos da democracia moçambicana.

Fonte: Notícias de Moçambique

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