NAMPULA, Moçambique – 10 de Maio de 2025 — Um protesto pacífico contra a crescente crise de combustível em Nampula terminou em tensão e indignação esta manhã, com a detenção do activista social Gamito dos Santos pelas autoridades moçambicanas. O episódio, que está a agitar as redes sociais e gerar forte mobilização da sociedade civil, levanta sérias questões sobre os direitos de manifestação no país.
A manifestação teve início nas primeiras horas do dia e visava denunciar o impacto directo do aumento dos preços dos combustíveis, que tem provocado uma espiral inflacionária nos preços dos alimentos e nos custos dos transportes públicos. Segundo os organizadores, tratava-se de uma marcha ordeira, sem qualquer tipo de violência ou perturbação da ordem pública.
Gamito dos Santos, conhecido defensor dos direitos sociais, liderava o grupo de manifestantes quando foi abruptamente detido por agentes da Polícia da República de Moçambique (PRM). De acordo com informações confirmadas por testemunhas, o activista foi levado para a 1ª Esquadra da PRM em Nampula, onde se encontra detido até o momento.
Jotta Pachoneia, também activista social e presente na marcha, descreveu a detenção como “arbitrária” e um claro abuso de poder. “Estamos a viver tempos difíceis, e o povo tem o direito de se manifestar. A detenção do companheiro Gamito é uma afronta aos direitos e liberdades fundamentais. Não houve violência, não houve vandalismo. Foi uma marcha pacífica”, afirmou Pachoneia, visivelmente revoltado.
A repressão por parte das autoridades foi rápida e considerada excessiva por diversos participantes. Para muitos, a acção policial visa calar vozes dissidentes e intimidar a população em vez de promover o diálogo e escutar as reivindicações legítimas dos cidadãos.
Desde a detenção, dezenas de pessoas têm-se concentrado em frente à esquadra, exigindo a libertação imediata de Gamito dos Santos e o respeito pelos direitos civis. A ausência de um comunicado oficial por parte da PRM até o momento só aumenta a indignação popular e alimenta suspeitas de motivações políticas por trás da detenção.
O incidente reacende o debate sobre o direito à manifestação em Moçambique, especialmente num cenário de crise socioeconómica cada vez mais grave. Com o custo de vida a disparar e a confiança nas instituições a decair, a população tem recorrido à mobilização como forma de pressão — e, aparentemente, enfrentado retaliações por isso.
Para muitos, o que aconteceu hoje em Nampula não é apenas um ataque a um activista, mas uma tentativa de silenciar um povo que clama por justiça, dignidade e condições de vida mais humanas. A sociedade civil agora exige respostas — e, acima de tudo, liberdade para ser ouvida.
Jornal Direto continuará a acompanhar o caso e atualizará com qualquer nova informação oficialmente divulgada.