A tensão dentro da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO) continua a escalar perigosamente. Na manhã desta quarta-feira (28), um grupo de antigos guerrilheiros da RENAMO protagonizou mais uma ação dramática ao assaltar e ocupar o edifício onde funciona o Gabinete do Presidente do partido, Ossufo Momade, na cidade de Maputo.
Este incidente marca a segunda ofensiva coordenada dos desmobilizados, que há poucos dias já haviam tomado posse da sede central da RENAMO, situada a escassos metros do Gabinete agora invadido. Ambos os edifícios estão localizados na Avenida Ahmed Sekou Touré, no coração da capital moçambicana, o que evidencia a ousadia e a estratégia do grupo em avançar de forma sistemática rumo aos seus objetivos.
Uma Investida Anunciada
Os ex-guerrilheiros já haviam anunciado publicamente que fariam três investidas contra a liderança de Momade: a primeira seria a sede do partido (já concretizada), a segunda o Gabinete Presidencial (realizada hoje) e a terceira e última seria a residência pessoal de Ossufo Momade, localizada no bairro de Mateque, nos arredores de Marracuene, província de Maputo.
Segundo declarações feitas anteriormente pelo grupo, a intenção clara é forçar a renúncia imediata de Ossufo Momade do cargo de Presidente da RENAMO. De acordo com os desmobilizados, somente a destituição de Momade poderá pôr fim às ações que têm abalado as estruturas internas do partido e colocado em xeque a sua liderança.
Pressão Direta e Ameaças Contundentes
Durante as ações, os insurgentes afirmaram de forma categórica que, caso Momade tente escapar ou refugiar-se em qualquer outra província do país, eles irão "atrás dele" para forçá-lo a abandonar o cargo. A ameaça clara e direta aumenta o clima de tensão, levando observadores políticos a temerem um possível confronto físico ou até mesmo represálias mais graves, caso não haja uma intervenção institucional rápida e eficaz.
O Silêncio de Momade e a Reação do Partido
Até o momento da publicação desta matéria, Ossufo Momade não se pronunciou oficialmente sobre os acontecimentos. O silêncio do líder da RENAMO tem sido interpretado por muitos como um sinal de fragilidade ou mesmo desorientação diante da crise interna. Enquanto isso, membros da direção nacional do partido evitam declarações públicas, alimentando ainda mais a especulação sobre um possível colapso da atual liderança.
Dentro do partido, cresce a pressão para que uma reunião de emergência seja convocada, com o objetivo de analisar a situação e encontrar uma saída negociada que evite o agravamento da crise.
Um Retrato da Instabilidade Interna
O episódio desta quarta-feira revela não apenas a insatisfação dos antigos combatentes, mas também expõe uma profunda instabilidade dentro da RENAMO, um dos principais partidos da oposição em Moçambique. A formação política, que há décadas representa uma força relevante no cenário político nacional, parece estar à beira de um colapso institucional, motivado por divisões internas e pelo descontentamento com a atual liderança.
Especialistas afirmam que a falta de integração plena dos desmobilizados na vida civil, aliada à ausência de respostas concretas às suas exigências, pode estar alimentando uma radicalização crescente que compromete não só a imagem da RENAMO, mas também o próprio processo democrático moçambicano.
E Agora?
O país observa atentamente os próximos passos do grupo e da liderança da RENAMO. Com duas das três investidas já concretizadas e uma ameaça clara à residência do Presidente do partido, a pergunta que ecoa é: como e quando esta crise será resolvida?
A possibilidade de violência direta contra Ossufo Momade aumenta a urgência de uma resposta institucional que inclua diálogo, mediação e garantias de segurança para todos os envolvidos. Moçambique já viveu episódios trágicos no passado, e a memória desses momentos deve servir como alerta para evitar um novo mergulho na instabilidade.
Fonte: MZNEWS