Após dois meses de ocupação por um grupo armado autodenominado Naparamas, as Forças de Defesa e Segurança de Moçambique conseguiram recuperar o controlo total da localidade de Sabe, no distrito de Morrumbala, província da Zambézia. A ofensiva militar que durou cerca de duas semanas resultou na libertação de 280 mulheres e crianças que haviam sido feitas reféns numa antiga base da Renamo.
Durante o período de ocupação, relatos perturbadores surgiram de dentro da comunidade. Segundo informações de residentes locais e fontes militares, os Naparamas recrutavam mulheres à força e cometiam abusos sexuais em plena presença dos seus familiares, gerando um clima de terror absoluto. O grupo não apresentou motivações claras para a sua ação, o que reforça o caráter criminoso e desorganizado da ocupação.
A operação de retomada, coordenada pelas Forças Armadas, foi intensa e contou com suporte de inteligência e logística em terreno hostil. Após combates intensos, os militares conseguiram desalojar os insurgentes e restabelecer a ordem na vila, devolvendo a autoridade ao Estado moçambicano. A população local começa agora a regressar às suas casas, ainda marcada pelo trauma e pela incerteza quanto ao futuro.
O administrador do distrito de Morrumbala, ao ser informado da vitória militar, destacou-se no acompanhamento da situação sanitária e psicológica dos cidadãos resgatados. Equipas de saúde e apoio humanitário estão a ser mobilizadas para garantir que as vítimas, especialmente as mulheres e crianças, recebam os cuidados necessários após o período de sequestro.
O reaparecimento do nome “Naparamas” causou espanto em vários círculos sociais e políticos. Historicamente, os Naparamas estiveram associados à resistência civil armada contra a Renamo durante os conflitos armados do passado, mas este novo grupo parece ser uma distorção dessa antiga identidade, atuando de forma criminosa e desorganizada, sem nenhuma linha ideológica clara.
As autoridades locais reforçam que a situação está agora controlada, mas apelam à vigilância contínua e à colaboração da população para evitar o ressurgimento de grupos armados na região. A libertação de Sabe é vista como uma vitória significativa das forças nacionais de segurança, mas também um alerta sobre a fragilidade de certas zonas rurais do país diante da ameaça de insurgências e banditismo armado.