O Governo moçambicano afirmou, nesta terça-feira (05), que ainda não possui informações concretas sobre a autoria dos novos ataques armados registados na provÃncia de Cabo Delgado. Segundo o porta-voz do Executivo, Inocêncio Impissa, não está claro se os atos são protagonizados pelos terroristas que actuam na região ou pelos Naparamas, grupo popular de autodefesa que tem ganhado notoriedade nos últimos tempos.
A declaração foi feita após a 27ª Sessão Ordinária do Conselho de Ministros, onde o tema da segurança voltou a dominar os debates. Impissa garantiu que as Forças de Defesa e Segurança (FDS) estão a trabalhar "incansavelmente" para restabelecer a ordem e tranquilidade públicas nas zonas afetadas.
População lincha dois indivÃduos em Chiure
Sobre o incidente ocorrido no distrito de Chiure, onde dois homens foram linchados pela população local sob suspeita de ligação aos ataques, o porta-voz explicou que ainda não há confirmação de que as vÃtimas pertençam à s Forças de Defesa e Segurança. “As investigações estão em curso para apurar os factos”, disse Impissa, apelando à população para não recorrer à justiça pelas próprias mãos.
Apoio aos deslocados tem limite de tempo
Outro ponto abordado pelo Governo foi a situação dos deslocados devido ao terrorismo. Impissa foi claro ao afirmar que a lei só permite assistência humanitária por um perÃodo máximo de seis meses. Após esse tempo, os deslocados devem buscar formas de subsistência por conta própria, seja nos centros de reassentamento ou nos seus locais de origem — desde que as condições de segurança estejam garantidas.
"O Governo não pode incentivar uma ajuda humanitária prolongada porque não há orçamento que sustente esse tipo de apoio a longo prazo", explicou o porta-voz, ressaltando a necessidade de reintegração socioeconômica das famÃlias afetadas.
Contexto
A provÃncia de Cabo Delgado tem sido alvo de ataques armados desde 2017, atribuÃdos a grupos extremistas. Apesar de operações conjuntas entre forças moçambicanas, ruandesas e da SADC, episódios de violência ainda são registados em alguns distritos da região, como Chiure, Macomia e MocÃmboa da Praia.
A emergência de grupos como os Naparamas, que dizem combater o terrorismo por conta própria, tem levantado preocupações sobre a complexidade da crise e os desafios na gestão da segurança.
Enquanto o Governo continua a investigar os responsáveis pelos recentes ataques e a lidar com a crise humanitária associada ao conflito, cresce a expectativa por uma resposta mais eficaz que garanta segurança, justiça e dignidade para as populações afetadas em Cabo Delgado.
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