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Governo afirma que deslocados do terrorismo em Cabo Delgado terão de garantir sua própria subsistência após seis meses de apoio

 

O Governo moçambicano anunciou, esta terça-feira (05), que os cidadãos deslocados devido aos ataques terroristas em Cabo Delgado deverão encontrar formas próprias de garantir sua subsistência, após um período máximo de seis meses de apoio humanitário. A medida, apresentada após a 27ª Sessão Ordinária do Conselho de Ministros, está a ser encarada como um sinal de possível “abandono total” por parte do Estado.

Segundo o porta-voz do Governo, Inocêncio Impissa, que também é ministro da Administração Estatal e Função Pública, a legislação em vigor apenas permite a assistência humanitária durante seis meses. Após este prazo, “a população deve se reinventar para garantir a sua subsistência, seja no centro de acolhimento ou no local de origem, se as condições para o retorno estiverem garantidas”.

Impissa foi claro ao afirmar que o Governo “não pode encorajar a ajuda humanitária prolongada” por razões orçamentais, destacando que o Estado não dispõe de recursos para sustentar indefinidamente as necessidades básicas dos deslocados. Esta declaração gerou preocupação entre analistas e organizações humanitárias que acompanham a crise humanitária no norte do país.

Incerteza quanto à autoria dos novos ataques

Durante a mesma sessão, o Governo comentou os recentes ataques violentos em Cabo Delgado, afirmando ainda não saber se os actos são de responsabilidade dos grupos terroristas activos na região ou dos Naparamas — grupo de milícia local. Apesar da incerteza, Impissa garantiu que as Forças de Defesa e Segurança (FDS) continuam no terreno, trabalhando para restabelecer a estabilidade e garantir a protecção da população.

Linchamento em Chiure sob investigação

O porta-voz do Executivo também se referiu ao caso do linchamento de dois indivíduos no distrito de Chiure. Segundo ele, ainda não há confirmação de que as vítimas pertenciam às FDS. As autoridades estão a conduzir investigações para esclarecer as circunstâncias do ocorrido, que aumentou ainda mais a tensão e o medo entre os residentes locais.

As declarações do Governo levantam sérias dúvidas sobre o futuro dos milhares de deslocados em Cabo Delgado. Ao limitar o apoio humanitário e transferir a responsabilidade para os próprios afectados, o Estado pode estar a agravar uma situação já crítica. A comunidade internacional e as organizações de apoio humanitário podem vir a desempenhar um papel ainda mais crucial nos próximos meses.

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