Zambézia — 19 de Julho de 2025 — Quatro professores foram violentamente espancados por populares no povoado de Cubeliua, no distrito de Mocuba, província da Zambézia, após serem acusados injustamente de envolvimento em tráfico de órgãos humanos, particularmente de pessoas com albinismo. As vítimas garantem que tudo não passou de um mal-entendido, alimentado por desinformação e boatos espalhados nas redes sociais.
De acordo com o relato dos professores, em entrevista concedida à TV Miramar, o grupo havia viajado até àquela localidade com a intenção de adquirir pedras preciosas. Contudo, ao perceberem que os minérios apresentados eram falsos, decidiram regressar. Foi nesse momento que a situação fugiu ao controlo: moradores da região cercaram o veículo em que estavam e os acusaram de transportar órgãos humanos.
Mesmo após a população revistar completamente a viatura sem encontrar qualquer indício, os quatro professores foram agredidos de forma brutal. O linchamento só foi interrompido com a chegada das autoridades.
A Polícia da República de Moçambique (PRM), que assumiu o caso, esclareceu que não há qualquer prova que relacione os professores às acusações de tráfico de pessoas ou de órgãos. Segundo a corporação, as suspeitas não passaram de rumores infundados propagados online, que geraram pânico e levaram à acção violenta da população.
A PRM alerta para os perigos da justiça pelas próprias mãos e da disseminação de informações falsas, lembrando que qualquer suspeita deve ser comunicada às autoridades de forma formal e pacífica. As vítimas continuam a recuperar dos ferimentos físicos e emocionais causados pelo incidente.
O caso acende novamente o debate sobre a fragilidade da convivência entre comunidades e forasteiros, bem como a necessidade urgente de campanhas de sensibilização sobre os direitos humanos e combate à desinformação nas zonas rurais.
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