Joaquim Chissano diz que movimentos de libertação desviaram-se do seu propósito

 

Ex-presidente moçambicano apela à renovação de valores e reconexão com o povo africano

O antigo Presidente da República de Moçambique, Joaquim Chissano, alertou, na noite desta quinta-feira (25), que muitos movimentos de libertação em África perderam o rumo que os guiava nas lutas pela independência, ao deixarem de colocar o povo no centro das suas ações.

A declaração foi feita durante o jantar de gala do Congresso Nacional Africano (ANC), realizado em Joanesburgo, África do Sul. O evento antecede a aguardada Cimeira dos Movimentos de Libertação, marcada para este sábado, reunindo líderes históricos e atuais de várias formações políticas africanas.

Na sua intervenção, Chissano foi direto ao apontar que algumas dessas organizações políticas tornaram-se resistentes à crítica e perderam o contacto com as populações que outrora representavam. “É crucial reconhecermos que, em muitos dos nossos países, assistimos ao enfraquecimento das instituições democráticas”, alertou o estadista moçambicano.

Segundo Chissano, a essência das lutas de libertação era a dignidade humana, a justiça e a autodeterminação dos povos africanos, princípios que estariam a ser deixados para trás. “A luta não pode ter terminado com a independência formal. É preciso continuar, agora, pela construção de sociedades mais justas e democráticas”, acrescentou.

Chissano apelou aos partidos de libertação para que façam uma profunda renovação das suas políticas e compromissos, de forma a melhorar as condições de vida dos cidadãos e fortalecer os sistemas democráticos. Para o antigo presidente, essa reconexão com o povo é essencial para restaurar a legitimidade dessas formações e garantir a estabilidade e o progresso dos seus países.

A Cimeira dos Movimentos de Libertação ocorre num contexto marcado por tensões geopolíticas, desafios económicos e sociais no continente africano, o que torna ainda mais urgente o debate sobre o papel atual dessas forças políticas que, no passado, foram protagonistas das lutas contra o colonialismo.

> “Temos de lembrar que a nossa luta não foi para conquistar o poder pelo poder, mas sim para servir o povo. Essa missão continua”, concluiu Chissano.

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