O Governo moçambicano anunciou, nesta segunda-feira (22), a expansão do seu programa de mobilidade rural com a aquisição de mais 300 tratores, elevando para 400 o número total de veículos destinados ao transporte de pessoas e bens em zonas remotas do país. A decisão surge em meio a críticas de organizações da sociedade civil, que consideram a medida inadequada e desumana, especialmente no que diz respeito ao transporte de passageiros em atrelados.
Segundo o Executivo, a iniciativa visa reduzir as dificuldades de locomoção enfrentadas por comunidades rurais, onde o acesso a meios de transporte convencionais continua limitado. Os tratores serão equipados com atrelados e distribuídos principalmente nas regiões com infraestruturas rodoviárias precárias, priorizando distritos de difícil acesso.
> “Estamos cientes dos desafios logísticos nas zonas rurais e esta medida é uma resposta concreta à exclusão no transporte”, declarou um porta-voz do Governo.
Reações da sociedade civil
Apesar da intenção declarada de promover a inclusão, organizações como o Centro para Democracia e Desenvolvimento (CDD) e ativistas dos direitos humanos têm criticado a estratégia, considerando-a indigna e insegura para os cidadãos.
“É impensável transportar pessoas em atrelados que foram concebidos para carga e animais. O Governo precisa encontrar soluções mais humanas e sustentáveis”, afirmou um representante do CDD.
Contexto da medida
O projecto piloto, iniciado com 100 tratores na província de Cabo Delgado, teve uma recepção mista. Enquanto algumas comunidades reconheceram melhorias na circulação de mercadorias e acesso a serviços básicos, outras apontaram falta de condições de segurança e conforto nos meios utilizados.
Caminho a seguir
O Governo afirma estar a monitorar o projeto de forma contínua e que ajustes serão feitos com base no feedback das comunidades beneficiadas. Há também menções a futuras parcerias com o setor privado para tornar os sistemas de transporte rural mais modernos e adequados às necessidades da população.
A expansão do programa para 400 tratores coloca novamente em debate o equilíbrio entre soluções emergenciais e o respeito à dignidade humana no planeamento de políticas públicas.
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