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Governo acusado de ferir a dignidade humana ao usar tractores para transporte de pessoas, dizem académicos

 

Medida polémica é defendida pelas autoridades como uma solução prática para zonas rurais, mas especialistas alertam para um possível retrocesso social e produtivo.

O Governo moçambicano está a enfrentar uma onda de críticas após introduzir, pela primeira vez na história do país, o uso de tractores com atrelados modificados para o transporte de passageiros. A medida, que teve início na província de Cabo Delgado com a alocação de 10 viaturas deste tipo, está a dividir opiniões entre inovação e indignação.

Enquanto alguns sectores consideram a iniciativa uma resposta pragmática aos desafios de mobilidade em zonas de difícil acesso, outros vêem nela uma violação da dignidade humana. Académicos e analistas sociais manifestaram-se contra a acção, considerando que ela representa um desvio da real finalidade desses equipamentos: a promoção da agricultura e da segurança alimentar.

Governador defende “inovação adaptada à realidade”

Valige Tauabo, governador de Cabo Delgado, reagiu às críticas sublinhando que a medida visa dar resposta às limitações de transporte nas comunidades mais recônditas. “É uma inovação. Os tractores vêm facilitar a mobilidade onde os autocarros e mini-autocarros não chegam”, afirmou.

Na mesma linha, o Presidente do Conselho de Administração do Fundo de Desenvolvimento dos Transportes revelou que a estratégia será expandida. “Só este ano, o Governo prevê adquirir e distribuir pelo menos 100 tractores por todo o país, para responder às necessidades de mobilidade em zonas remotas”, garantiu.

Académicos condenam e apelam ao foco na produção

Mas a resposta oficial não convenceu os especialistas. Em declarações à TV Sucesso, o professor universitário Alberto Viola criticou veementemente a decisão, afirmando que o Governo “feriu a dignidade humana” ao submeter os cidadãos a condições de transporte inadequadas. “Tractores não são feitos para transportar pessoas. Usá-los desta forma é reduzir o valor do ser humano a algo meramente funcional”, disse.

Outro académico, Abudo Gafuro, reforçou a crítica ao destacar a importância dos tractores para o desenvolvimento do sector agrícola. “Canalizar esses meios para o transporte humano é um erro de prioridades. Devem ser usados para dinamizar a produção nacional, não para substituir o que o Estado deveria prover em termos de transporte público digno”, defendeu.

Debate entre pragmatismo e direitos básicos

A polémica reacendeu o debate sobre a gestão de recursos públicos em Moçambique e a forma como o Estado responde às dificuldades estruturais nas zonas rurais. Se por um lado a falta de infra-estruturas e de meios de transporte motiva soluções alternativas, por outro levanta-se a questão dos limites éticos e do respeito pela dignidade das populações.

O caso levanta ainda preocupações sobre a possível normalização de práticas que, em contextos urbanos, seriam consideradas inaceitáveis, perpetuando desigualdades entre o campo e a cidade.

O tema continua a gerar reacções nas redes sociais e na sociedade civil, com muitos moçambicanos a exigir soluções estruturadas, sustentáveis e respeitosas aos direitos fundamentais das populações rurais.

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