Mais de 60 civis palestinos foram mortos nesta sexta-feira (19) por disparos das Forças de Defesa de Israel (IDF) perto de um centro de ajuda humanitária no norte da Faixa de Gaza, segundo autoridades locais.
O Ministério da Saúde de Gaza confirmou que ao menos 67 pessoas morreram na região de Gaza Norte, sendo a maioria civis que buscavam alimentos. A Defesa Civil do território havia informado anteriormente que 44 palestinos foram mortos e dezenas de outros ficaram feridos no ataque, considerado um dos mais letais nas imediações de centros de distribuição desde o início do conflito.
Em resposta, o Exército de Israel afirmou que os disparos visavam “remover uma ameaça imediata às forças”. De acordo com o jornal israelense Haaretz, as IDF reconheceram a ocorrência de mortes, mas ressaltaram que uma revisão preliminar indica que “o número relatado de baixas não condiz com as informações existentes”.
Contexto humanitário se agrava
O ataque desta sexta reacende a memória do chamado “massacre da farinha”, ocorrido em fevereiro de 2024, quando pelo menos 118 palestinos foram mortos e outros 760 ficaram feridos por tiros israelenses enquanto tentavam acessar comida na Cidade de Gaza.
Desde o colapso da trégua entre Israel e Hamas, em 18 de março, o Ministério da Saúde de Gaza já contabilizou 86 mortes por fome e desnutrição, incluindo 76 crianças. Em nota divulgada nesta sexta-feira pelo Telegram, o órgão responsabilizou “a ocupação israelense e a comunidade internacional por essa tragédia”.
Modelo de distribuição sob críticas
As mortes vêm ocorrendo em meio ao funcionamento da Fundação Humanitária de Gaza (GHF), que passou a operar no final de maio com apenas quatro pontos de distribuição de ajuda alimentar — número significativamente inferior aos cerca de 400 existentes sob o sistema anterior coordenado pela ONU.
Desde o início das operações da GHF, a Organização das Nações Unidas contabilizou 798 civis mortos entre 27 de maio e 7 de julho, em ataques contra locais de entrega de mantimentos. No último dia 11, o Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos declarou que o modelo adotado é “inerentemente inseguro”.
A GHF utiliza empresas privadas de segurança e logística dos EUA para enviar suprimentos ao enclave, contornando o sistema anterior da ONU. Israel afirma que o modelo anterior facilitava o roubo de cargas pelo Hamas — acusação negada pelo grupo islâmico.
Comunidade internacional sob pressão
Diante das centenas de mortos nos centros de ajuda, a ONU passou a criticar publicamente o modelo atual, alegando que a GHF viola os princípios básicos de imparcialidade humanitária, especialmente ao operar em áreas com forte presença militar israelense.
Com a escalada de ataques e o agravamento da crise humanitária, aumentam os apelos para que o sistema de distribuição internacional de alimentos seja retomado sob garantias de segurança e neutralidade. Até lá, civis continuam a morrer tentando obter o mínimo para sobreviver.
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