Milhares de moçambicanos demonstram solidariedade nas redes sociais e questionam coerência da acusação
A recente acusação de terrorismo contra o líder da oposição Venâncio Mondlane provocou uma ampla mobilização popular, especialmente nas redes sociais, onde cidadãos rejeitam a narrativa oficial e expressam solidariedade ao político. A frase “Se for pela libertação de Moçambique, eu também sou terrorista” tornou-se símbolo de resistência, refletindo o descontentamento com a situação política e o apoio crescente à figura de Mondlane.
Objetivo da manifestação popular
Desde a formalização da acusação por parte do Governo, diversas mensagens de apoio emergiram em defesa de Mondlane. A declaração viral, feita por um cidadão identificado como Jaime, destaca a indignação com o enquadramento judicial do opositor e reafirma o compromisso com a causa popular.
Jaime argumenta que Mondlane jamais usou a força ou promoveu qualquer acto violento. Pelo contrário, lembra que o político esteve envolvido em manifestações pacíficas, sentou-se com o Presidente da República em processos de diálogo e nunca se escondeu das autoridades. Sua atuação, segundo defensores, sempre foi pública, legal e baseada na defesa dos direitos do povo moçambicano.
Reações populares e apontamento de contradições
A acusação foi recebida com ceticismo e críticas duras por parte da população, que considera Mondlane uma figura legítima e respeitada. Muitos apontam incoerências nas alegações, ressaltando que um verdadeiro terrorista não teria sido escoltado pela polícia, nem chamado para processos judiciais ou entrevistas com a imprensa.
Os apoiantes enfatizam que Mondlane não incitou à violência, tampouco promoveu actos de desestabilização. Pelo contrário, seu papel tem sido o de denunciar abusos de poder e representar as vozes silenciadas do país. Para esses cidadãos, o processo contra ele revela uma tentativa do Governo de eliminar uma figura incómoda por vias judiciais.
Implicações sociais e políticas
A expressão “Eu também sou terrorista”, apesar de controversa, tem sido interpretada como um grito de protesto simbólico contra a repressão e o autoritarismo. Para muitos moçambicanos, ela representa a insatisfação com o estado da democracia e a solidariedade com aqueles que lutam por justiça e mudança.
Esse movimento espontâneo levanta uma questão crítica: o Estado estaria a utilizar o sistema judicial como arma política para silenciar opositores? Para os defensores de Mondlane, a resposta é afirmativa. Eles vêem o processo como uma forma de perseguição disfarçada de legalidade, apontando que a verdadeira ameaça à estabilidade reside na intolerância às críticas e na instrumentalização das instituições.
O caso Venâncio Mondlane está a transformar-se num marco na luta pela democracia em Moçambique. O apoio popular crescente sugere que a tentativa de silenciamento pode, na verdade, fortalecer a sua imagem e mobilizar ainda mais vozes contra o autoritarismo. Resta saber como o Estado irá reagir diante de uma população cada vez mais atenta, crítica e participativa.
> Nota editorial: Esta reportagem baseia-se em declarações públicas divulgadas em redes sociais e meios de comunicação.