Na cidade de Chimoio, província de Manica, um episódio insólito tem gerado grande burburinho nas redes sociais e círculos políticos moçambicanos. Os organizadores de um torneio local de futebol rejeitaram, de forma pública e categórica, o apoio financeiro oferecido pelo partido político Podemos, liderado por Albino Forquilha.
A recusa surpreendente aconteceu no contexto de um campeonato comunitário de futebol que mobiliza jovens e populares daquela urbe. Segundo fontes no terreno, a proposta de apoio financeiro por parte do Podemos foi prontamente rejeitada pelos promotores do evento, que alegaram querer manter o torneio “isento de conotações político-partidárias”. Contudo, o gesto foi amplamente interpretado como uma rejeição direta à imagem do partido e da sua liderança.
O incidente reacendeu críticas e memes nas redes sociais, onde muitos compararam o partido Podemos à célebre superstição africana do “gato preto que atravessa o caminho” — símbolo tradicional de azar. O partido está a ser visto, cada vez mais, como uma entidade que causa desconforto ou rejeição pública, mesmo em ações que, à primeira vista, seriam vistas como benéficas ou inofensivas.
Este é já o segundo episódio de rejeição pública envolvendo o partido em menos de um mês. O primeiro aconteceu na cidade da Beira, onde a população se recusou a consumir água de um poço construído com o patrocínio direto de Albino Forquilha. Na ocasião, moradores afirmaram que “não queriam nada ligado àquele partido”, num claro sinal de desaprovação ou desconfiança generalizada.
A recorrência desses episódios levanta questões sérias sobre a aceitação e a credibilidade pública do partido Podemos em determinadas regiões do país. Embora o partido se tenha posicionado como uma alternativa de mudança e renovação no panorama político moçambicano, os recentes episódios sugerem um desafio profundo de reconquista da confiança popular — especialmente entre comunidades jovens e urbanas.
Reações e silêncio do partido
Até ao momento, o partido Podemos ainda não emitiu um pronunciamento oficial sobre o episódio em Chimoio. Entretanto, analistas consideram que o silêncio pode representar um esforço para evitar inflamar ainda mais o ambiente e manter o foco nos objetivos políticos traçados.
Com as eleições aproximando-se, este tipo de episódio poderá ter efeitos negativos na mobilização de base e nos esforços de penetração do partido em zonas tradicionalmente neutras ou apolíticas.