Moamba, Moçambique – O distrito da Moamba, na província de Maputo, é palco de tensão entre operadores moçambicanos do setor de extração de inertes e uma empresa chinesa que recentemente começou a atuar na região. Como forma de protesto, os exploradores de areia locais decidiram paralisar as suas atividades, alegando concorrência desleal e exigindo a retirada imediata da empresa estrangeira.
Segundo os operadores locais, a chegada da empresa chinesa está a ameaçar diretamente a subsistência de dezenas de famílias moçambicanas que, há anos, dependem da extração de areia para garantir o seu sustento. Eles afirmam que este sector é tradicionalmente dominado por moçambicanos e que não há necessidade de concorrência externa, sobretudo numa área onde a atividade já está consolidada e organizada.
“Os chineses podem investir em outras áreas em que o país realmente precisa de capital e tecnologia, como a indústria ou agricultura. Aqui, eles só estão a criar um desequilíbrio”, afirma um dos líderes da paralisação, que pediu anonimato por receio de retaliações.
Outro ponto crítico levantado pelos operadores é a alegada falta de transparência no processo de licenciamento da empresa estrangeira. A associação local de exploradores afirma que não foi previamente informada sobre a autorização concedida, o que levantou suspeitas sobre a legalidade e os critérios que permitiram a entrada da nova concorrente no mercado.
A revolta culminou na suspensão coletiva das atividades, uma medida drástica que, segundo os organizadores do protesto, poderá durar pelo menos um mês ou até que a empresa chinesa suspenda as suas operações. Os operadores dizem estar determinados a manter a paralisação e intensificar as suas exigências, caso não haja uma resposta por parte das autoridades governamentais.
“Não vamos trabalhar para sermos esmagados por quem chega de fora com máquinas pesadas e preços baixos. Estamos apenas a defender o que é nosso”, declarou outro operador em entrevista à imprensa local.
Enquanto isso, a empresa chinesa envolvida ainda não se pronunciou oficialmente sobre as alegações. Também não há, até o momento, resposta do governo distrital da Moamba ou de entidades competentes como o Ministério dos Recursos Minerais e Energia.
A situação levanta questões importantes sobre a gestão de recursos naturais, o papel do investimento estrangeiro e a proteção de pequenos operadores locais. Caso o impasse não seja resolvido com diálogo e transparência, o conflito poderá escalar e afetar não só a economia local, mas também as relações comerciais entre Moçambique e parceiros internacionais.
A expectativa recai agora sobre as autoridades governamentais, que deverão intervir para mediar o conflito e encontrar uma solução que respeite os direitos dos operadores nacionais sem comprometer os princípios de cooperação internacional.