Um caso comovente e controverso abalou recentemente a Província de Tete, em Moçambique. Uma viúva foi expulsa de sua residência juntamente com seus dois filhos menores no mesmo dia em que se realizava a cerimônia de seis meses do falecimento do seu marido. O episódio, presenciado por vizinhos e familiares, levantou uma onda de indignação e questionamentos sobre os direitos da mulher e das crianças em contextos de herança e partilha de bens.
De acordo com os familiares do falecido, existia um acordo formalizado entre eles e a viúva, com testemunhas das estruturas do bairro. Nesse acordo, a mulher teria recebido um valor de 200 mil meticais. O objetivo do montante era permitir que ela concluísse uma obra iniciada em vida pelo marido, saindo da residência atual e deixando o espaço para os quatro filhos do primeiro casamento do falecido.
Contudo, segundo a família, a viúva não cumpriu com a sua parte no acordo. Ela teria usado o dinheiro para outros fins e não deu seguimento à construção da nova moradia. O prazo estipulado para que ela deixasse a casa também teria sido ultrapassado, o que levou à decisão de expulsá-la da residência de forma definitiva.
Em entrevista concedida à TV Miramar, a viúva se manifestou emocionada, afirmando que se sente profundamente injustiçada com toda a situação. Ela explicou que está desempregada e que o dinheiro recebido foi utilizado para cobrir despesas básicas com os filhos, incluindo alimentação, educação e pagamento de dívidas antigas.
"Usei o dinheiro para cuidar dos meus filhos, porque não tenho fonte de rendimento. Paguei o colégio, a alimentação e algumas dívidas. Não foi por má fé", afirmou a viúva, visivelmente abalada.
O caso tem gerado debate entre juristas, ativistas e líderes comunitários, que apontam a necessidade de mais proteção legal às viúvas e filhos em situações de herança. Muitas vezes, acordos são feitos sem assistência jurídica adequada, o que pode resultar em injustiças ou abusos de poder por parte de familiares.
Enquanto a situação ainda não encontra uma solução definitiva, a viúva e seus filhos enfrentam agora o desafio de encontrar um novo lar e recomeçar a vida sem o apoio do marido falecido e sem a casa que antes chamavam de lar.
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