A Organização Internacional do Trabalho (OIT) lançou um alerta preocupante sobre o impacto das crescentes tensões comerciais e geopolíticas no mercado de trabalho global. Segundo um estudo recente divulgado pela ONU News, mais de 80 milhões de empregos em todo o mundo correm o risco de serem afetados, direta ou indiretamente, caso as disputas comerciais persistam.
De acordo com o relatório, as perspectivas para o mercado de trabalho em 2025 estão comprometidas, sendo este cenário impulsionado por uma desaceleração do crescimento económico global. O Produto Interno Bruto (PIB) mundial, que anteriormente tinha uma previsão de crescimento de 3,2%, foi agora revisto para 2,8%, conforme dados atualizados do Fundo Monetário Internacional (FMI). Essa desaceleração é um reflexo claro do ambiente de incertezas políticas e comerciais que afeta diretamente o fluxo de bens, serviços e investimentos internacionais.
Impacto Direto nos Empregos Ligados ao Consumo dos EUA
O relatório destaca que cerca de 84 milhões de empregos em 71 países estão diretamente vinculados à demanda dos consumidores norte-americanos. Isso significa que qualquer flutuação negativa na economia dos Estados Unidos – especialmente provocada por barreiras comerciais, aumento de tarifas ou interrupções nas cadeias de abastecimento – pode gerar um efeito dominó devastador em empregos espalhados pelo mundo.
A OIT sublinha que os empregos estão cada vez mais vulneráveis devido ao atual clima de incerteza comercial. A instabilidade e as interrupções constantes em cadeias globais de fornecimento aumentam o risco de desemprego, especialmente em setores como manufatura, comércio, logística e exportações de bens de consumo.
A Declaração do Diretor-Geral da OIT
Gilbert Houngbo, diretor-geral da OIT, afirmou de forma contundente que, se as tensões geopolíticas e os bloqueios comerciais continuarem no ritmo atual, o mundo enfrentará efeitos negativos sérios nos mercados de trabalho globais. Ele destacou a necessidade de um ambiente mais estável, previsível e colaborativo entre as economias para proteger os trabalhadores e garantir a criação de empregos sustentáveis.
Renda dos Trabalhadores em Queda
Outro dado alarmante do relatório refere-se à “erosão da parcela da renda global destinada aos trabalhadores”. Em 2014, os trabalhadores recebiam em média 53,0% da renda global; em 2024, esse número caiu para 52,4%. Essa redução aparentemente modesta representa, na prática, uma perda de cerca de US$ 290 em poder de compra por trabalhador.
Segundo a OIT, essa tendência de queda na remuneração em comparação com o crescimento económico é extremamente preocupante, pois contribui para o aumento da desigualdade social e enfraquece a capacidade das economias de manter uma base de consumo sólida e estável.
Um Alerta Para Governos e Empresas
A mensagem da OIT é clara: é preciso agir agora. Governos, organizações internacionais e empresas devem trabalhar juntos para estabilizar as relações comerciais, promover políticas de inclusão no mercado de trabalho e garantir que os benefícios do crescimento económico sejam equitativamente distribuídos.
O momento exige não apenas soluções técnicas, mas também vontade política e solidariedade internacional para enfrentar um desafio que, embora possa parecer econômico, tem implicações profundas para a vida de milhões de pessoas em todo o planeta.
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