Moçambique poderá voltar a refinar combustíveis para consumo interno e exportação regional

 

Moçambique está a um passo de reentrar na indústria de refinação de combustíveis líquidos, com um projeto que promete transformar o panorama energético nacional e regional. O anúncio foi feito nesta quarta-feira (07) pelo Presidente da República, Daniel Chapo, durante a 11ª Conferência e Exposição de Mineração e Energia de Moçambique (MMEC), em Maputo. No centro da iniciativa está a assinatura de um Memorando de Entendimento entre a empresa pública Petróleos de Moçambique (PETROMOC) e o grupo nigeriano Aiteo Eastern E&P Company, para a construção de uma refinaria modular no país.

A refinaria, com capacidade de processar 3.200 mil barris por dia, será equipada com tecnologia de ponta e terá infraestruturas de armazenamento para combustíveis líquidos e gasosos. A nova planta irá produzir gasolina, gasóleo, nafta e jet A1, com o objetivo de abastecer tanto o mercado moçambicano como a região da SADC (Comunidade de Desenvolvimento da África Austral). O projeto prevê também a criação de 160 mil toneladas métricas de capacidade adicional para combustíveis líquidos e 24 mil toneladas métricas para Gás de Petróleo Liquefeito (GPL).

Para o Presidente Chapo, trata-se de um projeto transformador, com grande potencial para gerar empregos — sobretudo para os jovens — aumentar o Produto Interno Bruto (PIB), reduzir as importações e ampliar as exportações. “Moçambique será reposicionado como um actor relevante na cadeia de valor dos combustíveis líquidos”, afirmou o Chefe de Estado, destacando o impacto direto na balança comercial nacional.

O Presidente do Conselho de Administração da PETROMOC, Hélder Chambisse, revelou que o memorando prevê a realização de um estudo de viabilidade em até 12 meses. Esse estudo analisará as condições de mercado, espaço físico e tecnologias apropriadas para determinar a viabilidade do investimento. Se aprovado, o projeto deverá ser executado num período máximo de dois anos. Chambisse recordou ainda que Moçambique já teve uma refinaria funcional até à década de 1980, desativada por não acompanhar as mudanças tecnológicas e de mercado.

O Diretor Geral do Grupo Aiteo, Victor Okoronkwo, destacou a ambição da parceria, que visa instalar uma capacidade de refinação de até 240 mil barris por dia, com foco não apenas em Moçambique, mas também na SADC. Com 25 anos de experiência, o Grupo Aiteo atua nos sectores da mineração, energia, petróleo e gás, com forte especialização no desenvolvimento de infraestruturas de grande escala.

Ainda durante a MMEC, foi assinada uma parceria estratégica entre Moçambique e a Zâmbia para a construção de um gasoduto entre a cidade da Beira e Ndola. Com um investimento previsto de 1,5 bilião de dólares e previsão de comissionamento em quatro anos, o gasoduto permitirá o transporte de 3,5 milhões de toneladas métricas de produtos petrolíferos por ano. O projeto também inclui a construção de instalações de armazenamento em ambas as localidades, e promete reduzir significativamente o tráfego de camiões na Estrada Nacional Número 6, principal ligação terrestre entre os dois países.

A MMEC, organizada pela AME Moçambique Ltd, com apoio do Ministério dos Recursos Minerais e Energia e da Empresa Nacional de Hidrocarbonetos (ENH), tornou-se o principal palco de networking e investimento nos sectores de mineração e energia em Moçambique. A edição de 2025, sob o tema “Investir numa Nova Era: Transformar os Recursos Naturais de Moçambique para Estimular Industrialização e Integração Regional”, reforça o compromisso do país em atrair parcerias sustentáveis que impulsionem o desenvolvimento económico e a integração regional através da valorização dos seus vastos recursos naturais.

A concretização destes projetos poderá marcar uma nova era para Moçambique no domínio energético, consolidando a sua posição como polo estratégico no fornecimento de combustíveis e infraestruturas para a África Austral.

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