No dia 4 de outubro de 2025, Moçambique marcou o 33.º aniversário da assinatura do Acordo Geral de Paz (AGP), que pôs fim à guerra civil que assolou o país entre 1977 e 1992. A Assembleia da República, presidida por Margarida Talapa, recordou os horrores do conflito, que resultou na morte de cerca de um milhão de moçambicanos e deixou profundas cicatrizes sociais e econômicas.
Durante as cerimônias, Margarida Talapa destacou que a paz foi fruto da determinação de todos os que colocaram os interesses nacionais acima dos individuais. Ela reforçou a importância da participação ativa no diálogo político, enfatizando que “a paz não é um dado adquirido” e que é necessário promover constantemente diálogo, tolerância, inclusão e respeito mútuo.
Desde a assinatura do AGP, Moçambique avançou significativamente na consolidação democrática. Foram criadas instituições sólidas, realizadas eleições regulares e multipartidárias, e promovida a liberdade de expressão e o fortalecimento do Estado de Direito. No entanto, desafios permanecem, evidenciados pelos recentes episódios de violência em Cabo Delgado, onde ataques terroristas deixaram milhares de mortos nos últimos anos, segundo dados do ACLED.
Em abril de 2025, o Presidente Daniel Chapo promulgou a lei relativa ao Compromisso Político para um Diálogo Nacional Inclusivo. O objetivo é superar a violência e a agitação social que se seguiram às eleições gerais de outubro de 2024. A iniciativa inclui a criação da Comissão Técnica para o Diálogo Nacional (Cote), que nos próximos dois anos trabalhará em temas como a definição de forças de segurança apartidárias, revisão da Constituição, reconciliação, unidade nacional e descentralização governativa.
A fase de auscultação pública do diálogo nacional inclusivo começará em 6 de outubro de 2025, com brigadas percorrendo províncias, distritos e a diáspora, ouvindo a população e criando espaço para a participação de todos.
A celebração dos 33 anos do AGP é, portanto, um momento de reflexão sobre o passado e de reafirmação do compromisso com o futuro. Embora o país tenha avançado na construção da paz e da democracia, é fundamental que os moçambicanos continuem investindo em diálogo, inclusão e justiça social, garantindo que a paz seja duradoura e que ninguém fique para trás.

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